Chalé,
28/03/2018
Queridos
irmãos, irmãos e irmãs em Cristo. Meu povo de Deus!
Nos
reunimos, nesta noite, para meditar um dos passos importantes de Nosso Sr.
Jesus Cristo na sua caminhada rumo ao Calvário, o momento em que Ele, homem das
dores, se encontra com sua Santa Mãe, Senhora das dores. O encontro… Este é o
tema da nossa meditação espiritual nesta noite. O encontro entre Jesus e Maria.
Um encontro doloroso para ambos. Dói exageradamente no coração da mãe encontrar
seu Filho em tal estado; dói profundamente no coração do filho ver-se
encontrado assim por quem tanto o ama. Quanta dor presenciamos nesta cena! Por
um momento, nos invade um pensamento: para que uma mãe sofrer tanto assim?
Porque um sofrimento tão grande? Melhor seria que os dois não tivessem se
encontrado! Que a mãe guardasse na memória a imagem do filho belo, forte,
saudável e feliz. Que sentido tem esse encontro doloroso? Seria melhor que ele
não tivesse ocorrido, antes que este encontro fosse um desencontro…
Irmãos
e irmãs, a vida humana é feita de encontros e desencontros. Para compreender
melhor este momento que hoje vivemos, é oportuno voltar às primeiras linhas da
Sagrada Escritura e perceber como o ser humano tem uma tendência divino-natural
para o encontro e cede à tentação do desencontro. Os dois primeiros capítulos
do livro do Gênesis descrevem o mundo tal como Deus o quis: a criação é boa,
não conhece o mal nem a corrupção; o homem e a mulher têm igual dignidade, não
conhecem a maldade nem o sofrimento; não existem guerras, nem injustiças, nem
doenças, nem mortes; não há desequilíbrio interior; a humanidade está em comunhão
perfeita com Deus. Enfim, não existem desencontros… O homem se encontra em
perfeita harmonia consigo, com os outros, com o mundo e com Deus. Uma das
imagens mais belas para significar este estado de encontro é a de Deus que
todos os dias, ao cair da tarde, vinha encontrar-se com Adão e Eva e com eles
se entretia. Amados irmãos, esta é a imagem do mundo sonhado por Deus: um mundo
de paz e harmonia, um mundo de comunhão e de amor, um mundo de encontro
amigável de Deus com os homens e dos homens com Deus… Mas sabemos bem que esta
imagem não corresponde bem ao mundo em que vivemos, um mundo não sempre de
encontros, mas prevalentemente de desencontros…
Houve
um desencontro primordial. Se os dois primeiros capítulos do Gênesis descrevem
um mundo de encontros, o terceiro capítulo conta o primeiro desencontro da
humanidade. A humanidade, simbolizada pelos nomes de Adão e Eva, cedeu à
tentação do diabo, simbolizado pela serpente, e afastou-se de Deus. O desejo de
“ser como deus”, de chegar à plenitude sem Deus, a ânsia de auto-suficiência, o
querer ser dono de si mesmo e não servir a Deus, a independência de Deus, tudo
isso caracteriza o pecado original que vige dentro de cada um de nós. Ao cair
da tarde daquele dia, quando Deus veio entreter-se com Adão e Eva já não os
encontrou: quando “eles ouviram os passos de Deus que passeava no jardim (…)
eles se esconderam da presença do Senhor entre as árvores” (Gn 3,8). Estamos
diante do primeiro desencontro da história! O desencontro das origens e de
sempre! O desencontro do homem com Deus! Doravante o homem buscará esconder-se
de Deus, fugir do seu Criador. Nasce a ilusão imbecil de que para encontrar-se
a si mesmo será necessário desencontrar-se de Deus, e afastar-se da sua
presença. Deus passa a ser visto como um incômodo e um obstáculo à liberdade
humana, uma ameaça à sua independência e maioridade!
Mas
Deus continua querendo encontrar-se com o homem e pergunta: “Adão, onde estás?”
(9) O Criador onipotente procura sua criatura rebelde e quer encontrar-se com
ela. Um mistério constante e grande demais: Ele, infinito e eterno, nos quer,
finitos e mortais, mais do que nós o queremos! Ele toma a iniciativa
misericordiosa de vir ao nosso encontro e nos resgatar. E a resposta de Adão é
muito significativa: “Ouvi teu passo no jardim, tive medo porque estou nu, e me
escondi” (10). Ah, irmãos, o homem que antes espontaneamente amava o seu Senhor
agora Dele tem medo! Não querer andar na sua presença e Dele se esconde porque
se sente invadido na sua privacidade. Não quer mais encontrar-se com ele,
prefere o desencontro. O homem tem medo de Deus… O amor transmutou-se em temor.
Por isso é necessário repetir sempre a exortação do apóstolo João: “Não há
temor no amor, ao contrário: o perfeito amor lança fora o temor” (1Jo 4,18).
Aqui assistimos o contrário, o temor lança fora o amor. O homem já não sabe
amar naturalmente a Deus, mas tem medo Dele e se sente nu diante dos seus
olhos! As conseqüências são: vazio interior, desigualdade entre o homem e a
mulher, opressão, violência, corrupção, ódio, guerras e mortes. Esta é a
verdadeira imagem da humanidade de todos os tempos, também de hoje. Percebemos
nitidamente o quanto os homens têm medo de Deus e, por isso, o amam pouco; Dele
se afastam e se perdem nas suas próprias maldades!
Quanto
medo de Deus encontramos no mundo! Muitos dos nossos governantes têm medo de
Deus, da religião que o prega, e não querem encontrar-se com Ele. Querem banir
Deus do discurso e das atitudes políticas, não suportam sequer os sinais de
Deus, não querem símbolos e sinais religiosos em repartições públicas.
Distorcem o conceito positivo de Estado laico e são intolerantes às expressões
religiosas. É mais cômodo governar criando as próprias leis do que ter que
obedecer a lei de Deus escrita na consciência. Legislam e executam acima do que
poderiam: legalizam o aborto, a eutanásia, o consumo de drogas, tornam legal o
que destrói e mata a dignidade do homem. Corrompem e se deixam corromper. Fazem
do ser humano um meio e não o fim, uma peça na engrenagem da máquina econômica.
Preferem fechar os olhos diante dos sofrimentos do povo, da chaga social das
drogas e diante de outras tantas desordens para pensar alcançar seus próprios
interesses. Penso em tantos políticos que só rezam e se encontram com os pobres
em época de campanha, que não querem bem a pessoa, mas querem bem ao seu voto.
Homens de muitas promessas e de poucas atitudes. Penso no caos da saúde
pública, na debilidade da educação, na falta de saneamento básico.
Quanto
medo de Deus encontramos no mundo! Muitos casais têm medo de Deus. Longe de
Deus é possível viver uma relação menos comprometedora, mais aberta,
dissolúvel, que acaba quando começam as dificuldades. É possível, sem
constrangimento de consciência, um controle utilitário da natalidade. É
possível, ainda, a terceirização da educação dos filhos. Penso em tantos jovens
casais que já não querem o sacramento do matrimônio, em tantos casados que se
separam por questões superáveis. Penso em tantos filhos que vivem o sofrimento
da separação dos pais e a desestruturação da família.
Quanto
medo de Deus encontramos no mundo! Muitos jovens têm medo de Deus. Sentem a
ilusão da liberdade sem limites e se escondem de Deus. E acabam por
experimentar um grande vazio interior, a perda da esperança, a escravidão das
drogas, do prazer desenfreado, do consumismo e do culto ao corpo. Penso em
tantos jovens, conhecidos de rosto, de nome, de endereço, que perdem a beleza e
o vigor da juventude em caminhos que de tão largos se tornam estreitos.
Quanto
medo de Deus encontramos no mundo! Muitos de nós sacerdotes, consagrados,
batizados, temos medo de Deus e vivemos uma religião do desencontro. Vivemos de
práticas de piedade, mas temos o coração endurecido para o perdão e a
misericórdia, falamos muito e fazemos pouco, multiplicamos palavras e
subtraímos testemunho. Falamos de Deus e nos afastamos dos irmãos mais pobres e
necessitados, como se fosse possível servir a Deus sem servir ao irmão. O Papa
Francisco, falando aos cardeais disse algo grave e verdadeiro: é possível ser
sacerdote, bispo, cardeal e até mesmo papa sem ser discípulo de Jesus Cristo.
Penso na Igreja em muitas regiões do mundo desacreditada por causa do mau
comportamento de seus representantes. Penso em tantas pessoas que se afastam de
Deus ou não se encontram com Ele por causa do nosso contra-testemunho de
pastores e fieis batizados.
Quanto
medo de Deus encontramos no mundo! Depois do pecado original, o primeiro
desencontro da humanidade, amar a Deus e servi-lo com alegria não é um estado
natural, mas exige força e disposição. Encontrar-se com Deus e ter fé em sua
pessoa não é natural e espontâneo, porque exige uma verdadeira revolução
interior. A única revolução necessária para a transformação do mundo é a do
coração! E quão difícil é esta revolução! Tudo depende dela! E na sua condição
está um encontro… Não é possível a revolução do coração e consequente a
transformação do mundo sem o encontro com Deus! Deste encontro depende a
salvação do mundo! E ele está bem simbolizado diante dos nossos olhos nas
imagens que contemplamos.
Estamos
diante de Jesus e Maria e de um encontro capaz de desfazer o desencontro
primordial da humanidade com seus conseqüentes desencontros. Em Jesus,
divindade e humanidade se misturam; em Maria, a beleza da graça divina
resplandece sem igual. É Ele o novo Adão e ela a nova Eva num encontro
harmonioso. Nos diz o apóstolo Paulo: “Por meio de um só homem, Adão, o pecado
entrou no mundo e, pelo pecado, a morte… Porém com maior profusão a graça de
Deus se derramaram sobre todos em um só homem, Jesus Cristo… Como pela
desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim, pela
obediência de um só, todos se tornaram justos” (Rm 5,12ss). Com Cristo temos a
novidade: “onde abundou o pecado, a graça superabundou!” Onde reinava a morte,
impera a vida! Onde havia só desencontros, um encontro tudo renovou!
Irmão
e irmãs, contemplemos Jesus, novo Adão. Ele é o homem definitivo, no qual o
projeto de Deus se realizou plenamente. O projeto de Deus para o mundo,
fracassado pela desobediência de Adão é realizado plenamente em Jesus Cristo.
Ele é o homem em profunda harmonia consigo mesmo, com os outros, com o mundo e
com Deus. Sua vida é feita de encontros: consigo mesmo, no silêncio e na
meditação; com Deus, nas longas noites de vigílias e oração sobre o monte; com
os irmãos, no toque curador, nas palavras cheias de misericórdia, no abraço
afetuoso, na benção generosa, na refeição com os pobres e pecadores; com o
mundo, acalmando as tempestades e desordens naturais, expulsando os demônios.
No velho Adão o desencontro, no Novo Adão o encontro perfeito com Deus e com os
irmãos.
Irmãos
e irmãs, contemplemos Maria, a nova Eva. Ela é primeira na ordem da graça, é a
mulher nova, criatura livre do pecado, tal como Deus havia sonhado. A primeira
Eva, gerou-nos para o pecado, a segunda gerou-nos para a graça. Enquanto aquela
respondeu a Deus com a desobediência, esta “respondeu com a “obediência da fé”,
certa de que “nada é impossível a Deus”: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se
em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,37-38). Como diz Santo Irineu, “obedecendo,
se fez causa de salvação tanto para si como para todo o gênero humano”. Do
mesmo modo, não poucos antigos Padres dizem com ele: “O nó da desobediência de
Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela
incredulidade a virgem Maria desligou pela fé”. Comparando Maria com Eva,
chamam Maria de “mãe dos viventes” e com frequência afirmam: “Veio a morte por
Eva e a vida por Maria” (CIC 494). Portanto, Maria, “Foi que, primeiro e de uma
forma única, se beneficiou da vitória sobre o pecado conquistada por Cristo:
ela foi preservada de toda mancha do pecado original e durante toda a vida
terrestre, por uma graça especial de Deus, não cometeu nenhuma espécie de
pecado” (CIC 411). Maria é a nova “mãe dos viventes”, a Mulher por excelência,
mãe do Cristo total, Cabeça e membros. A vida de Maria, tal como a do Filho,
Jesus, é feita só de encontros: consigo mesma, na meditação silenciosa; com
Deus, na oração; com os irmãos, na intercessão e no serviço; com o mundo,
apontando-lhe a salvação.
A
vida de Jesus e Maria é tecida de encontros. Quantos encontros bonitos tiveram
entre si. Quando Maria perdeu Jesus por três dias, em Jerusalém, ficou aflita e
só recuperou a paz quando o reencontrou no Templo. Juntos rezaram tantas vezes,
ouviram a Lei de Deus na pequena sinagoga de Nazaré, compartilharam as
intimidades do coração e da alma ao redor da mesa em seu lar. Depois que Jesus
deixou sua casa para tornar-se um pregador itinerante podemos imaginar os
encontros que teve com Maria, sua mãe. Que alegria Maria deve ter sentido ao
encontrar Jesus curando os doentes, perdoando os pecadores, enfim, renovando a
esperança dos pobres de Israel. Tantos encontros significativos, no entanto
nenhum encontro vivido até agora se compara a este. A mãe encontra o filho num
estado lastimável, quase irreconhecível. Nas palavras do profeta Isaías: “Não
tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos
agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores,
cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era,
não fazíamos caso dele. (…) Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca;
como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele
não abriu a boca. Foi atormentado pela angústia e foi condenado” (53, 3.7). Que
sofrimento para a mãe ver o filho em tal estado: havia perdido a aparência
humana! A mãe fixa os olhos em seu filho querido! Maria representa a humanidade
que não tem medo de olhar nos olhos de Deus! A mãe quer correr para abraçar e
beijar o filho, mas a guarda romana não permite. Seus corpos não podem
encontrar-se no abraço, mas suas almas estão unidas no sofrimento redentor.
Seus corações palpitam em sintonia. Maria não pode sussurrar palavra alguma ao
ouvido do filho, mas com seu olhar firme o encoraja: Filho, espera no Senhor!
Sê forte, espera no Senhor! (Sl 26,14). Como é terrivelmente triste para uma
mãe ver seu filho desprezado, torturado e às portas de uma morte violenta…
Por
um instante Jesus ergue seus olhos e contempla sua mãe amada. Estes sãos os
verdadeiros olhos de Deus! Olhos que choram por causa do sofrimento humano!
Muitas vezes os evangelhos falam do olhar de Jesus para com os pecadores,
recordamos a passagem do jovem rico: “olhando-o, Jesus o amou (Mc 10,21). O
lema do Papa Francisco traduz bem este olhar de Cristo: “olhando com amor o
escolheu”. No olhar de Deus não existe condenação, meus irmãos, mas só amor e
misericórdia! Erguendo os olhos amorosos, Jesus vê sua mãe repleta de lágrimas,
mas firme. O olhar dos dois se encontra. Em Maria o olhar das criaturas é
renovado pelo olhar do Criador! Como diz o poeta, (Fernando Pessoa): “Ah, mas
se ela adivinhasse, / Se pudesse ouvir o olhar…”. De certa forma Maria escuta o
olhar de Jesus. É como se lhe dissesse: Mãe, “é chegada a hora”, “minha alma
está conturbada. Porém, que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi
precisamente para esta hora que eu vim ao mundo” ! (Jo 12, 27). Foi para chegar
a esta hora que desci dos céus e me fiz homem em seu seio virginal!
São
instantes eternos estes nos quais mãe e filho trocam olhares. Nestes olhares
lacrimosos estão resumidos todos os olhares de sofrimento de todos os homens e
mulheres da terra em todos os tempos. Onde sofre um ser humano, Cristo continua
a sofrer nele! Onde chora alguma mãe, Maria continua a chorar nela! Por isso
disse Jesus: Em verdade vos digo: cada vez que fizerdes o bem a um dos
pequeninos, matando a fome do faminto, a sede do sedento, acolhendo um
forasteiro, vestindo um nu, visitando um doente e vendo um prisioneiro, será a
mim mesmo que o farás! (cf. Mt 25,40)
Irmãos
e irmãs, queremos consolar Maria em suas dores? Queremos aliviar os sofrimentos
de nosso amado Cristo? Não temos outro caminho senão enxugar as lágrimas uns
dos outros, e correr apressadamente ao encontro dos irmãos mais necessitados.
Não há encontro com Deus, sem encontro com o próximo, não nos iludamos!
Lembra-nos João, o discípulo amado: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia
o seu irmão, é um mentiroso: pois que não ama seu irmão, a quem vê, não poderá
amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: aquele
que ama a Deus, ame também seu irmão (1Jo 4,20s). De fato, o termômetro para
saber o nosso grau de amor a Deus é nosso amor aos irmãos mais fracos e
pecadores, é nossa capacidade de enfrentar e aliviar os sofrimentos alheios.
No
mundo de prevalentes desencontros, existem muitos que se encontram realmente
com Deus e com os irmãos. Penso nos casais, idosos, jovens e crianças que
enchem nossas igrejas a cada domingo. Penso nas centenas de pessoas que se
deixaram reconciliar com Deus nos mutirões de confissão em nossas paróquias.
Queridos
irmãos, volta à nossa mente a pergunta inicial. Para que esse encontro
doloroso? Não seria melhor que ele não tivesse acontecido? Que mãe e filho
fossem poupados deste sofrimento tão grande? Não, meus irmãos. Ai de nós se
este encontro não tivesse acontecido! Nele se dissolve o desencontro primordial
da humanidade. Este encontro sofrido ou este sofrimento encontrado dá um
sentido novo aos nossos sofrimentos. À luz deste desta cena dolorosa o sofrimento
se transforma em grande possibilidade de encontro com Deus e com os irmãos.
Sim, o sofrimento nos aproxima de Deus e uns dos outros. Por isso nos ensina
Guimarães Rosa: “É preciso sofrer, depois de ter sofrido, e amar, e mais amar,
depois de ter amado”. Essa é a lição deixada a nós por Jesus e Maria, Mãe e
Filho que se fitam: não é possível amar sem sofrer, ainda que seja possível
sofrer sem amar… Sofrimento sem amor é desperdício! Sofrer de amor e por amor é
participar da redenção do mundo! “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a
vida por seus amigos”, disse e cumpriu Jesus (Jo 15,13).
Meus
amados irmãos, precisamos nos encontrar com Deus de verdade! A vida ganha
sentido e beleza quando cruzamos o nosso olhar com o olhar amoroso de Jesus e
através deste gesto conseguimos olhar com amor nos olhos uns dos outros. Assim,
nossa fé se torna autêntica; desaparece do nosso coração o medo de Deus e a
tentação de se esconder Dele. Nasce um anseio de encontro com Deus e com os
irmãos.
Num
instante de silêncio vamos rezar pedindo a Deus que não fujamos dos nossos
sofrimentos e que saibamos através deles fazer uma experiência do amor que
lança fora todo temor divino e humano.
Me recordo das últimas
cenas da vida de Jesus, quando Jesus se aproximou de Jerusalém e avistou a
cidade santa… Ele chorou… chorou e disse: “Jerusalém,
Jerusalém, tu que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados,
quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne os pintainhos
debaixo das asas, mas não quiseste. Vede, preste atenção, a tua casa ficará
abandonada”.
“Quem não
toma sua cruz, não tem coragem de renunciar a si mesmo, às suas vontades, aos
seus desejos e vem atrás de mim enfrentando a vida, a dor, a morte, o que tiver
que enfrentar pelo Evangelho, não é digno de mim”
Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo!
Pe.Antônio
Maurílio de Freitas - Pároco